O governo do Estado propôs, em reunião com a Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal) na manhã de hoje, uma mudança em linhas de ônibus metropolitanas que estão sobrepostas aos coletivos urbanos dos municípios. No encontro, o secretário estadual de Apoio à Gestão Administrativa e Política, Agostinho Meirelles, demonstrou que a demanda de passageiros totais para o sistema rodoviário de coletivos na região metropolitana é 53% do que era antes da pandemia, uma das justificativas para esta alteração.
Conforme os dados apresentados, se, antes, havia 900 linhas, 2.500 itinerários e 320 mil passageiros por dia, em dezembro de 2021 os números reduziram para 441 linhas, 1.250 itinerários e 172 mil passageiros.
Na prática, o governo trabalha no projeto há 20 anos, em seu aspecto técnico, e com uma consultoria desde o ano de 2019. A alteração prevê que haja a supressão de linhas duplicadas que realizam um mesmo trajeto, em horários próximos, permanecendo apenas uma, a depender do município. A mudança valeria apenas em horários em dias úteis, entre 9h e 16 horas; nos demais, não haveria alterações. Somente na capital, o Estado afirma que são 434 km de linhas sobrepostas, ou seja, que recebem tanto linhas urbanas quanto metropolitanas. Porém, as metropolitanas se sobrepõem às urbanas em 93% do trajeto dentro da cidade.
Porto Alegre, por meio do prefeito Sebastião Melo, e Canoas, por parte do prefeito Jairo Jorge, demonstraram interesse e liderarão o projeto-piloto em um primeiro momento, iniciando daqui a 90 a 120 dias.
A secretaria também trouxe a situação da bilhetagem eletrônica, que vai permanecer, e a ideia é que ela seja unificada entre os municípios, e que permita diferentes formas de pagamento, como QR Code e cartão de crédito e débito, entre outros. Não está claro qual será o sistema, a depender de novos estudos, embora Canoas utilize o TEU, o que, nas palavras do prefeito Jairo, “deve facilitar a integração”.
Os chefes do Executivo saíram do encontro com mais dúvidas do que esclarecimentos. Entre elas, como será a compensação tarifária das linhas. “Existe um valor de passagem entre Viamão e Porto Alegre no transporte metropolitano, que é, com certeza, acima do nosso ônibus. Hoje, ele paga uma passagem cheia e vem para cá. Mas o que vai valer é só o valor da passagem de Porto Alegre no trecho que ele andar”, explica o prefeito Melo, também presidente da Granpal. A crítica do prefeito é que, se o sistema local for desativado, o operador do transporte metropolitano não devolverá o dinheiro investido ao operador da Capital.
A secretaria se defende, e diz que haverá menos custos para o sistema, redução de frota, da poluição ambiental e possibilidade até de redução na tarifa dos ônibus, mas reconheceu que demissões não estão descartadas.
O projeto-piloto já está em andamento, primeiramente em Porto Alegre. A secretaria, em conjunto com a Metroplan, identificou os principais eixos de entrada da capital com cidades vizinhas. As avenidas Bento Gonçalves, Baltazar de Oliveira Garcia e Assis Brasil concentram, juntas, 69% do tráfego de passageiros em dias úteis. Estas, em conjunto com outras, como a Protásio Alves e ponte do Rio Guaíba, receberão as mudanças nas linhas primeiro. Também não serão extintas as linhas urbanas que levam aos locais com ônibus hoje sobrepostos.
A ideia é que cada município analise a proposta e possa adequá-lo à sua realidade. A prefeita de Novo Hamburgo e vice-presidente da Granpal, Fátima Daudt, afirma que há necessidades de soluções “o quanto antes”.
O município, um dos maiores da região metropolitana, tem um processo licitatório do transporte coletivo que se arrasta há anos. “Faremos o processo e aí as adequações necessárias, porque, como foi dito na reunião, temos que terminar com a sobreposição dos ônibus. Se houver necessidade de fazer alterações no processo licitatório, há uma cláusula que prevê isto”, afirma ela. O Estado prevê uma nova reunião com os transportadores após o Carnaval para seguir discutindo o assunto.
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