Anúncio do fim da operação da linha D43 causa apreensão entre estudantes universitários em Porto Alegre
A linha D43 Universitária é uma das mais procuradas pelos estudantes de Ensino Superior em Porto Alegre. O ônibus parte do Terminal Borges de Medeiros, no Centro Histórico, e passa por 22 paradas de grande fluxo de passageiros, como o Hospital de Pronto Socorro (HPS), a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), além de conduzir os alunos a vários cursos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Termina no Campus Vale, bem perto de onde fica o prédio do curso de Letras. Além disso, moradores da Vila Santa Isabel, de Viamão, costumam usar a linha D43 para se deslocar mais rapidamente para o trabalho. Porém, a prefeitura da Capital informou que, a partir de 4 de abril, essa linha deixará de operar.
— Na verdade, a situação é desesperadora. Nos horários de pico, saio das aulas do Campus do Vale de tarde em direção ao Campus Centro, para outro turno de disciplinas, e o D43 é o ônibus mais frequente e já fica lotado. As linhas 343 e 353 são de menor frequência. Sem o D43, quero ver caberem todos os alunos dentro desses outros — relata Vitória Giovana Duarte, 22 anos, estudante do oitavo semestre de História da UFRGS.
Com o iminente fim da D43, a prefeitura da Capital informou que a linha 343 passará a atender a Avenida Osvaldo Aranha em ambos os sentidos, com o acréscimo de mais oito viagens em cada direção. E que a 353 ficará com a Avenida João Pessoa também nos dois sentidos, com mais 14 viagens em cada.
Os alunos, porém, já pensam na logística de uso do transporte público. Segundo planeja Vitória, a solução será optar pelo 343, que dá menos voltas até chegar ao destino.
— O 353 dá mais voltas e demora ainda mais para chegar nas paradas — atesta.
A colega Clara Aguiar Costa Bauer, 22, que cursa o sexto semestre de História na UFRGS, compartilha sentimento semelhante em relação ao D43.
— Fico bastante preocupada e sinto que ficarei dependendo de outras linhas para não me atrasar nos deslocamentos de um ponto até outro. Provavelmente, não poderei almoçar no Campus do Vale quando tiver aula no Centro em outro turno. Esse problema vai atingir também alunos de outros cursos, como os da Letras e da Geografia — afirma.
A estudante, que pretende migrar para a linha 343, tenta planejar a rotina para os deslocamentos sem o D43:
— As outras opções de ônibus vão ficar mais cheias ainda. Não poderei comer no RU (restaurante universitário), que é um direito nosso, pela demora na fila. Precisarei correr sem almoçar para pegar o ônibus e também tentarei evitar de fazer duas aulas em campi diferentes no mesmo dia.
Cursando o oitavo semestre de História na UFRGS, Johann Karrol, 23, critica o fim do serviço da D43.
— Acho péssimo porque várias linhas atendiam esse trajeto do Centro para o Campus do Vale mais rápido. Sem dúvida, desde o tempo em que estou na UFRGS, sempre foi a linha com mais procura, que vinha sempre cheia e com mais possibilidades de horário. Comparada com o 343, ou com outras linhas que fazem o trajeto, é muito mais rápida. É a preferida do pessoal — revela o estudante.
Karrol pensa que, com o retorno das aulas presenciais e sem a oferta da D43, terá de organizar o cronograma de disciplinas de outra maneira.
— Ficará inviável ir de um campus até o outro — prevê.
Outro estudante do oitavo semestre do mesmo curso Andrei Marcelo da Rosa, 22, calcula o tempo que poderá ser perdido nos deslocamentos:
— O caminho que o 343 faz em 40 minutos, o D43 realiza, às vezes, em 25 minutos. Eu diria que é uma linha essencial — conclui, antevendo que se atrasará na chegada para a aula ou para o compromisso no estágio, localizado no bairro Cidade Baixa.
Demora nos cartões
Os estudantes ainda relatam outro problema muito frequente – a demora na confecção e na renovação do cartão para o uso nos ônibus.
— Estou tentando renovar desde janeiro meu cartão. Em janeiro, levei a documentação de comprovante de renda e moradia na União Estadual dos Estudantes (UEE) e disseram que não precisava comprovar. Fiz a renovação, mas o aplicativo me informou que expiraria em 28 de fevereiro. Meu semestre acaba em maio. Enviei minha documentação em 23 de fevereiro e até hoje não foi avaliada. A EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação) disse que não recebeu os documentos na data. A EPTC manda eu ir na UEE, e esta me encaminha para a EPTC. Estou há mais de um mês esperando e agora a EPTC não me responde mais. Ainda estou com as passagens que recarreguei no dia 28 — narra Vitória.
Clara vive calvário parecido em relação ao cartão. E conta que o problema atrapalha bastante sua rotina.
— Tentei fazer no início de fevereiro de forma online. Fiz de maneira remota, mas precisei entregar os documentos presencialmente para a comprovação da renda. Em um domingo de tarde, recebi mensagem dizendo que meu cartão TRI estava inválido. Tentei resolver com a Associação dos Estudantes do Rio Grande do Sul (Aergs) por WhatsApp, então liguei por telefone. Não atenderam. Fui para a fila, onde permaneci por três horas sem conseguir ser atendida, pois tive de sair para um compromisso. Lá, a fila é enorme. Não consegui resolver meu problema e o cartão segue bloqueado. Estou pagando a passagem para usar o ônibus — reclama.
Por sua vez, Karrol conta que renovou o seu cartão TRI junto ao Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFRGS:
— Como eu seria beneficiário e consegui manter meia passagem por condições socioeconômicas, precisei apresentar documentações de renda que seriam analisadas pela empresa do TRI. Só que fiz essa solicitação no DCE no dia 22 de fevereiro e eles ficam com a documentação para ser encaminhada e analisada pela empresa do TRI. A minha documentação ainda não teve resposta. Nesse meio tempo, tu tens possibilidade de fazer uma única recarga. Consegui fazer, mas nunca imaginei que fosse demorar tanto tempo.
O que diz o DCE da UFRGS:
A coordenadora do DCE da UFRGS, Ana Paula Santos, esclareceu como acontece o processo para confecção ou renovação do cartão, que envolve várias entidades estudantis, como a Aergs e a UEE, citadas pelos alunos. Tudo começou com uma mudança na lei, no ano passado.
— Hoje, o estudante precisa comprovar a renda. E a análise da renda e da documentação é feita pela EPTC — explica.
Se os documentos estão de acordo, são inseridos no sistema e entregues à EPTC. Depois, o órgão tem 30 dias úteis para avaliar a documentação.
— Se tiver algum problema ou faltar algo, a EPTC nos envia de volta e o cartão TRI fica bloqueado. O papel das entidades estudantis é recolher a documentação e encaminhá-la para a EPTC. Não existe canal de diálogo entre as entidades e a EPTC, que não atende aos telefonemas. Só nos respondem pelo e-mail oficial e, às vezes, demoram oito dias para dar uma resposta. Essa mudança na documentação tem atrapalhado muito. Muitas pessoas do próprio DCE estão sem o cartão à espera de uma solução — relata.
O que diz a EPTC
Questionada sobre o fim das operações da linha D43, a EPTC respondeu por meio de nota:
“A partir da próxima segunda-feira (04), vamos unificar o atendimento das linhas 343, 353 e D43. A linha D43 será suspensa, mas os clientes serão atendidos pelas linhas remanescentes que terão ampliação de oferta e ônibus até as 23h atendendo o campus da UFRGS. A D43 era uma linha direta, que não parava em todos os pontos de parada. O ganho de tempo ocorria na Ipiranga. Com o corredor em comboio (faixa exclusiva) não existe mais ganho de tempo e sua operação não faz mais sentido.”
A EPTC também disse, em relação às reclamações dos estudantes na demora para o cartão de ônibus, que não há registros de atrasos e que todos pedidos estão dentro do prazo, salientando que são 12 dias úteis para a primeira solicitação e 25 dias úteis para a renovação. E também encaminhou a seguinte explicação:
“Na questão de renovação, algumas entidades enviam a solicitação sem toda a documentação necessária. Avisamos a entidade e esta tem um prazo para nos reenviar os documentos. Algumas solicitaram a renovação em janeiro, por exemplo, e só enviaram a documentação complementar nos últimos dias. Para o estudante passa a impressão de atraso, mas não ocorreu na EPTC. Nossos prazos estão sendo cumpridos. Ao mesmo tempo, vamos reorganizar o trabalho, reforçar a equipe para dar mais agilidade no processo.”
Fonte: GZH
Foto: Andre Avila/Agencia RBS
O desmonte da Carris é a herança do governo Fogaça, continuando no Fortunatti e acabando no Melo. Esse é o legado deles. E n pensem que a Carris da prejuízo o q da prejuízo é a má administração.
ResponderExcluirVoto na direita aguenta a consequência !!!!
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