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Rodoviários de Porto Alegre poderão paralisar na próxima quinta-feira

O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Coletivos Urbanos de Passageiros de Porto Alegre (STETPOA) afirma que iniciará uma paralisação geral no sistema nas primeiras horas da próxima quinta-feira, caso não seja cumprido o reajuste do vale-alimentação, no valor de R$ 30, bem como o pagamento da diferença do salário de março de 2020. Além disso, na visão do sindicato, desde dezembro de 2021 a Prefeitura não estaria repassando os subsídios firmados em termo de acordo, assinado um mês antes, por meio da Procuradoria-Geral do Município, com a Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) e representantes das empresas.

Ao todo, conforme a ATP, são R$ 14 milhões – R$ 2,8 milhões de 2021 e o restante de fevereiro e março deste ano. Subsidiar os pagamentos seria uma alternativa para, na época, a Prefeitura não aumentar a tarifa em R$ 0,40, de R$ 4,80 para R$ 5,20. E, de acordo com o presidente do STETPOA, Sandro Abbade, a falta deste repasse é o que está sendo alegado pelos empresários para não encaminhar o reajuste do vale-alimentação e “também provavelmente o salário”, afirma Abbade, que é categórico. “Com esta atitude, não temos outro caminho senão entrar em greve. Se não houver o vale-alimentação completo de quarta para quinta-feira, vamos parar”, anuncia.

“Não podemos sofrer manobras políticas. A Prefeitura está ciente que está devendo, e não vai pagar às empresas para conduzir a categoria à greve. Assim, ela teria justificativa para aumentar a passagem”, argumenta Abbade. Ele ainda diz reconhecer que os usuários do transporte coletivo da Capital serão prejudicados, mas alega que os trabalhadores do sistema, hoje em torno de 5 a 6 mil pessoas, “querem seus direitos”. “Infelizmente, depois de perder os cobradores de ônibus, todos sofrem com transporte público de péssima qualidade, ônibus superlotados e sucateados a partir de determinado horário”.

O advogado do Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa), Alceu Machado, classifica como “insuportável” a situação das operadoras do transporte coletivo da Capital, em razão do montante da dívida da Prefeitura. Segundo ele, uma nova reunião ocorre nesta terça-feira entre as empresas e a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU). Uma primeira, ocorrida nesta terça-feira, não teve avanços. “Não temos a receita que devíamos ter. O prefeito delega as funções, mas não está na linha de frente. O problema vem se acumulando há anos”, salienta ele.

O advogado da Seopa diz também compreender as demandas dos trabalhadores, “em um ano que está sendo difícil para eles, com a extinção dos cobradores”, afirma. A medida em questão visa futuramente à diminuição da tarifa do transporte coletivo em Porto Alegre. “A Prefeitura precisa chegar nos trabalhadores e dizer que não tem condições de pagar. Mas acredito que, em termos de greve, o sindicato teria de avisar a população. Talvez haja um problema de ordem legal se não fizerem. Porém, cabe a eles verificarem o que acham melhor”, reforça.

Contraponto

Em nota, a Prefeitura disse que, em relação aos pagamentos, “efetuou os repasses até janeiro de 2022 e antecipou R$ 4,6 milhões relativo ao custeio da isenção dos estudantes”. Disse ainda que negocia com a ATP a realização do pagamento do mês de fevereiro, quando deveria vigorar a nova tarifa. “A Prefeitura vem empenhando esforços para reduzir o impacto sobre a tarifa para a população e acompanhando a tramitação na Câmara Federal do Projeto de Lei (PL) 4392/2021, que prevê o financiamento por parte da União da isenção dos idosos”, encerra.

Felipe Faleiro.

Fonte: Correio do Povo.

Foto: Alina Souza

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