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“Ela fez o que fez pensando em mim, no meu irmão e na vida dela”, conta filha de acusada durante julgamento

No começo da tarde desta quarta-feira, 27 de abril, o depoimento da filha deu sequência o julgamento da sua mãe, Elizamar de Moura Alves, de 36 anos. A moradora de Dom Feliciano confessou ter dopado e matado o marido, Erni Pereira da Cunha, de 42 anos, com quem era casada e tinha dois filhos.

No depoimento, ela falou sobre as agressões sofridas pela mãe e reiterou que as mesmas ocorreram por anos.

“Nós vivíamos um inferno dentro daquela casa. Eu não desejo pra ninguém!”, contou.

O crime ocorreu no interior do município em fevereiro de 2021 e chocou o Rio Grande do Sul.

Após o desaparecimento de Erni e a investigação da Polícia Civil, foi constatado que o homem foi dopado e queimado em uma fornalha de fumo da propriedade em que o casal residia.

Após o encontro de cinzas do cadáver, Elizamar confessou o crime. Ela contou que sofria agressões físicas por parte do marido há anos.

Após a violência contra ela também se tornar ameaça contra os filhos do casal, Elizamar dopou o marido colocando uma substância sonífera em um suco de laranja e depois de adormecido, levou Erni para uma fornalha de fumo, onde ele foi incinerado por cerca de três dias.

O julgamento ocorre no Fórum de Camaquã, localizado na avenida Antônio Duro, no Centro da cidade. A reportagem do Clic Camaquã acompanha o julgamento e trará todos os detalhes pelas redes sociais e pelo portal Clic Camaquã.

Elizamar segue cumprindo prisão preventiva desde maio de 2021. Ela responde pelos crimes de homicídio, ocultação de cadáver e falsidade ideológica. Ela também é ré por homicídio duplamente qualificado, o que pode aumentar a pena em caso de condenação

Como se trata de crime contra a vida, o julgamento se dá pelo Tribunal do Júri.  

A defesa alega que ela sofria violência doméstica constante e que o ato foi em legítima defesa.

Para a acusação, houve uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e emprego de meio cruel no crime. Isso porque o marido ainda estava vivo quando foi colocado na fornalha.

O julgamento

O júri, que acontece no Foro de Camaquã, inicia com o sorteio dos juradores. Serão ouvidas seis testemunhas: três de defesa e três de acusação.

Na sequência, a ré Elizamar de Moura Alves será interrogada. Ela terá a opção de permanecer em silêncio. 

O júri será presidido pelo juiz Daniel de Souza Fleury. Por parte do Ministério Público, atuará o promotor Francisco Saldanha Lauenstein. A banca de defesa de Elizamar é composta pelos advogados Marcos Antônio Hauser, Mikaela Schuch e Igor Roberto Freitas Garcia. 

Ocultação do cadáver

Familiares contaram que por cerca de três meses, procuraram por Erni, antes de o crime ser descoberto. Nenhum deles imaginava que seu corpo havia sido incinerado pela própria esposa.

Por ter forjado o desaparecimento, através de boletim de ocorrência na Polícia Civil, ela responde por falsidade ideológica.

Ilsa Cunha da Silva, de 44 anos, irmã de Erni, recebeu o telefonema da acusada e foi informada que o irmão dela teria ido embora.

Uma das teses investigadas pela Polícia era de que Erni Pereira da Cunha tivesse ido embora para viver um caso extraconjugal. Segundo informações, essa também era a versão que Elisamar levantava em conversa com pessoas próximas.

Para a Polícia, pesava contra essa versão o fato de que ele não voltou a fazer contato com outros familiares e a motocicleta que costumava usar para se deslocar ter permanecido em casa.

No dia 14 de fevereiro de 2021, a Polícia começou a identificar a mudança no comportamento de Elizamar. Neste dia, um domingo de Carnaval, a Polícia identificou que o agricultor estava em um bar que costumava frequentar. A esposa, em casa, pesquisou na internet como matar alguém utilizando veneno.

No mesmo dia, ele voltou para casa e não foi mais visto.

Filhos confirmam versão da mulher

A mulher afirma que cometeu o crime porque era agredida pelo marido e que ele teria ameaçado os filhos. Quando ouvidos pela polícia, eles confirmaram as ameaças e agressões contra a mãe.

Conforme a Polícia Civil, não há registro de ocorrência por parte da mulher.

O que diz a defesa?

Os advogados Marcos Antônio Hauser, Mikaela Schuch e Igor Roberto Freitas Garcia encaminharam manifestação, na qual alegam que a cliente sofria em uma relação violenta.

Fonte: Clic Camaquã

Foto: Internauta / Clic Camaquã



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