Uma aeromoça denunciou, nesta quinta-feira, ter sido vítima de racismo por parte de um motorista do aplicativo 99App, em Porto Alegre. Em um vídeo publicado, por volta do meio-dia, em redes sociais, Kenia Aquino Garcia, de 36 anos, relata que o crime ocorreu há cerca de duas semanas, na zona Leste da capital. Ela fala que só agora decidiu tornar o fato público em razão do trauma enfrentado.
Em entrevista à Rádio Guaíba, ela conta que, no dia do ocorrido, chamou um veículo do aplicativo a fim de participar, na Câmara Municipal, de um seminário promovido, entre outras entidades, pelo grupo ‘ODABÁ – Associação de Afroempreendedorismo’, da qual é diretora. De acordo com Kenia, quando ela entrou no elevador, o motorista cancelou a corrida em razão do prazo máximo de espera, de dois minutos,, pelo passageiro.
Multada em R$ 5, a aeromoça chamou outro carro da 99 e decidiu permanecer em frente ao edifício. Foi quando, segundo o relato, o primeiro motorista retornou ao local e proferiu ofensas racistas em direção a ela.
“Inicialmente eu não compreendi as coisas que ele falou, pois achava que não era comigo”, disse Kenia. “Foi então que ele continuou me olhando com uma expressão séria e falou mais alto as palavras ‘tinha que ser preto’, e aí que eu fui entender. Ele só saiu quando se certificou que eu havia entendido as palavras dele”, recorda.
Abalada, Kenia embarcou no segundo carro do aplicativo e ao chegar, chorando, à Câmara de Vereadores, onde outros integrantes do grupo a orientaram a fazer o boletim de ocorrência. A Delegacia de Combate à Intolerância de Porto Alegre registrou a denúncia.
Para embasar a acusação, também já formalizada ao aplicativo, ela espera obter imagens de câmeras da vizinhança que mostrem o retorno do motorista ao endereço no momento do crime. Kenia também vai solicitar registros do trajeto feito pelo GPS do aplicativo.
A Rádio Guaíba procurou a Delegacia de Combate à Intolerância, que se comprometeu a comentar o caso nesta sexta. Já o 99App emitiu nota oficial lamentando o ocorrido e informando ter bloqueado o perfil do motorista e oferecido suporte à denunciante.
Leia abaixo:
A 99 lamenta profundamente o ocorrido com a passageira Kenia Aquino Garcia. Assim que o relato foi registrado, foi aplicado o bloqueio no perfil do motorista e uma equipe foi mobilizada e está tentando contato com a Kenia para oferecer todo o suporte e acolhimentos necessários. A plataforma se coloca à disposição para colaborar com as investigações das autoridades, se preciso.
A empresa tem uma política de tolerância zero em relação a qualquer tipo de discriminação e repudiamos veementemente o caso. O respeito mútuo é a base da comunidade do aplicativo. Todos os usuários, sejam eles motoristas ou passageiros, devem se tratar com educação, boa-fé e profissionalismo, independente de sua religião, credo ou raça. Em comportamentos como esse, que vão contra os Termos de Uso e o Guia da Comunidade 99, medidas cabíveis são adotadas, podendo resultar em bloqueio definitivo.
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