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Ministro de Lula não declara patrimônio de R$ 2 milhões em cavalos de raça para Justiça Eleitoral


Em declaração à Corte Eleitoral antes das disputas do ano passado, o ministro informou um patrimônio de R$ 4,457 milhões.

Foto: José Cruz/Agência Brasil

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, escondeu do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio de ao menos R$ 2,2 milhões em cavalos da raça. Em agosto do ano passado, quando registrou sua candidatura a deputado federal, ele possuía ao menos 12 animais Quarto de Milha, adquiridos em leilões. Os cavalos são criados no haras dele em Vitorino Freire, no Maranhão, onde ele mandou asfaltar, com dinheiro do orçamento secreto, uma estrada que corta fazendas da família e passa em frente a sua pista de pouso particular.

A negociação dos cavalos, atividade paralela à política, não costuma aparecer nas redes sociais do ministro, usadas com frequência para divulgar suas tarefas ministeriais e momentos de sua vida privada. Nos leilões de animais, Juscelino Filho é festejado pelos organizadores, que o tratam como dono do haras em Vitorino Freire. “Comprador é Parque & Haras Luanna, é Vitorino Freire, Maranhão, é o nosso deputado federal Juscelino Filho”, festejou o consultor Júnior Machado num leilão em 2020.

No papel, o estabelecimento pertence à irmã do ministro, a prefeita Luanna Rezende, e a Gustavo Marques Gaspar, um ex-assessor dele na Câmara. Gaspar está nomeado na liderança do PDT no Senado.

Em declaração à Corte Eleitoral antes das disputas do ano passado, o ministro informou um patrimônio de R$ 4,457 milhões, com fazendas, carros, 50% de uma aeronave, um apartamento e o terreno onde está instalado o haras. A declaração de Juscelino ao TSE não incluiu animais nem embriões. O valor declarado por ele é semelhante aos R$ 4,426 milhões que ele movimentou em leilões desde 2018. Nesse período, além das compras de cavalos, ele vendeu 14 animais da raça Quarto de Milha.

Para especialistas, a prática de ocultar bens pode ser considerada falsidade ideológica eleitoral. “As omissões de candidatos em relação à declaração de bens podem acarretar efeitos em três searas: nas áreas tributária, um crime de sonegação fiscal, eleitoral e penal eleitoral, falsidade ideológica”, afirma o advogado eleitoral Walber de Moura Agra.

Prefeitura

Com 165 mil metros quadrados, o equivalente a 15 campos oficiais de futebol, o terreno onde fica o haras pertencia à prefeitura de Vitorino Freire. Em 1999, o então estudante Juscelino Filho, um adolescente de 14 anos, comprou o imóvel por R$ 1 mil (R$ 4,3 mil em valores corrigidos). O pai dele, Juscelino Rezende, era o prefeito – logo, o vendedor do imóvel. Em 2007, Juscelino Filho vendeu a área por R$ 50 mil (R$ 124 mil atuais) para Gustavo Gaspar. Mais tarde, em 2018, o então deputado readquiriu o terreno por R$ 167 mil (R$ 215 mil). Gaspar foi assessor dele na Câmara.

Leilões

Juscelino é presença constante em leilões de Quarto de Milha. Em maio de 2020, ele gastou R$ 259 mil em duas éguas, a Globeleza Apollo FSF e a Miss Lady Steel Made. O ministro também organiza leilões. Em 30 de julho do ano passado, Juscelino Filho promoveu venda de cavalos em São Luís. Na ocasião, 11 animais da família foram negociados. Em um dos lances, Juscelino faturou R$ 400 mil com a venda de 66% de uma égua.

Quando disputou pela primeira vez o mandato de deputado federal, em 2014, Juscelino chegou a declarar animais à Corte Eleitoral. Ele informou ter 24 cavalos no valor de R$ 120 mil, 1.100 bois estimados no total de R$ 660 mil e 105 cabras e bodes estimados em R$ 21 mil. Apesar das transações nos últimos anos, não houve menções a animais nas declarações de bens de 2018 e 2022.

Fonte: O Sul

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