Em uma reviravolta surpreendente, o médico Leandro Boldrini, condenado a 31 anos e oito meses de prisão pela morte do filho Bernardo, foi absolvido pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers). A decisão, unânime, ocorreu em um processo disciplinar interno.
O Cremers, em comunicado, ressaltou que sua atuação se limita ao julgamento do uso de conhecimentos médicos na conduta em análise. O órgão afirmou que uma eventual condenação exigiria prova de que Boldrini usou da Medicina para o ato investigado.O advogado de Boldrini, Ezequiel Vetoretti, declarou que a defesa aguardava há muito tempo por esse julgamento e tinha plena confiança na absolvição.
Com a decisão, Boldrini poderá retomar suas atividades como médico.Desde outubro, Leandro cumpre pena em regime semiaberto no Presídio Regional de Santa Maria. Durante esse período, recebeu autorização para sair em duas ocasiões, uma delas para ir a um consultório médico. Antes disso, ficou quase cinco meses fora do sistema penitenciário, utilizando tornozeleira eletrônica.
O caso de Bernardo Boldrini, ocorrido em 2014, chocou o país. O garoto de 11 anos foi encontrado enterrado dez dias após desaparecer. Leandro Boldrini e sua então esposa foram presos como suspeitos, e o pai foi condenado em março deste ano por homicídio quadruplamente qualificado e falsidade ideológica.A nota do Cremers esclarece que o julgamento interno segue procedimentos ético-profissionais, com ritos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina.
O órgão ressaltou a independência entre responsabilidade ética, civil e criminal, destacando que sua atuação recai apenas sobre o uso de conhecimentos médicos.Apesar da absolvição no processo interno, Boldrini ainda aguarda o julgamento do pedido de cassação do Certificado de Registro Médico (CRM). O caso levanta debates sobre a separação entre esferas éticas e criminais, trazendo à tona questionamentos sobre a integridade do sistema de avaliação médica no Brasil.
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