Pular para o conteúdo principal

Deputado denuncia Fraport por negligência em obras no Aeroporto Salgado Filho, agravando alagamentos em Porto Alegre

O deputado estadual Matheus Gomes (PSOL) acusou nesta quinta-feira (27) que as intervenções realizadas pela Fraport no Aeroporto Salgado Filho enfraqueceram o Sistema de Proteção Contra Cheias (SPCC) de Porto Alegre, possivelmente exacerbando as inundações na zona norte entre maio e junho, de acordo com documentos da Prefeitura de Porto Alegre. A Fraport começou as obras após ganhar a concessão do aeroporto em 2017.

Leia mais

Fraport nega intenção de abandonar Salgado Filho e descarta exigência de repasse, afirma PimentaContrato com seguradora do Salgado Filho inclui proteção contra enchentes de até R$ 2,9 bilhões

Segundo o deputado, a Fraport iniciou, em 2017, o processo junto ao executivo municipal para aprovar o Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU) necessário para as obras de ampliação, que incluíam a extensão da pista, um novo terminal e um prédio de estacionamento.

Em março de 2018, a Comissão de Análise Urbanística e Gerenciamento (CAUGE) aprovou o EVU baseado nas diretrizes estabelecidas pelo Departamento de Águas Pluviais (DEP). Entre as exigências estavam:

1.A drenagem do aeroporto deveria ser direcionada para o Arroio Areia, evitando sobrecarregar a Casa de Bombas nº 06 na Av. dos Estados;

2. A Fraport deveria atualizar os cálculos hidráulicos sobre o escoamento do aeroporto para o Rio Gravataí e o Sistema de Drenagem da região para identificar a necessidade de adequações.

Contudo, documentos analisados pelo deputado mostram que a Fraport apresentou um projeto de drenagem ao DEP com diversas imprecisões e erros, contrariando as diretrizes do EVU. Mesmo assim, com autorização da gestão de Nelson Marchezan Júnior, as obras prosseguiram.

Em 2019, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (CMDUA) interrompeu a análise do caso, mas as obras de ampliação do Salgado Filho começaram, sem que a Fraport tivesse atendido às exigências do DEP, conforme a denúncia do deputado. A gestão Marchezan continuou a autorizar o andamento das obras.

Os documentos indicam que houve diversas trocas de correspondências sobre a fiscalização das obras, acompanhadas pela Promotoria de Justiça de Habitação e Defesa da Ordem Urbanística do Ministério Público (MP-RS). Inspeções oficiais foram realizadas entre 2021 e 2022, já com as obras concluídas, durante a gestão de Sebastião Melo (MDB).

O relatório da vistoria apontou que a ampliação do aeroporto não seguiu as orientações iniciais do DEP. Apesar disso, a gestão de Sebastião Melo não questionou nem corrigiu as irregularidades.

As mudanças estruturais no sistema de drenagem realizadas pela Fraport resultaram em alterações que enfraqueceram o Sistema de Prevenção Contra Enchentes, potencialmente agravando as enchentes na região em maio deste ano.

Matheus Gomes declarou que todos os documentos serão enviados ao Ministério da Reconstrução, à Agência Nacional de Aviação Civil, ao Ministério Público do Rio Grande do Sul e ao Ministério Público Federal. “A Fraport, uma multinacional com lucros bilionários, deve ser responsabilizada por seus atos. Os erros cometidos com a conivência dos prefeitos Marchezan e Sebastião Melo não podem ser esquecidos nem pagos com o dinheiro da população,” afirmou.
Acontecimentos Zona Norte 
Com informações de Sul21
Foto: Ricardo Stuckert / PR



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pelo menos 1,4 milhão de brasileiros deixam de sacar o auxílio emergencial e perdem o dinheiro

  Pelo menos 1,4 milhão de pessoas que receberam o auxílio emergencial não movimentaram o benefício depositado em suas contas digitais dentro do prazo determinado pelo decreto que regulamentou o recurso. Com isso, segundo o Ministério da Cidadania, até o momento, R$ 1,3 bilhão deixaram de ser utilizados e foram devolvidos aos cofres da União. Conforme a Caixa, os valores creditados na conta poupança digital e não movimentados no prazo de 90 dias, no caso do auxílio emergencial, ou 270 dias, no caso do auxílio emergencial extensão, são devolvidos à União. Para o público que faz parte do Programa Bolsa Família, as parcelas têm validade de 270 dias. O governo federal já encerrou o programa, que começou em abril e beneficiou 67,9 milhões de pessoas, com R$ 294 bilhões, principalmente trabalhadores informais e população de baixa renda, para minimizar os efeitos da pandemia de coronavírus. Mesmo com o fim do auxílio emergencial, a Caixa informou que manterá as contas digitais, “considerando

Começa o pagamento do calendário 2021 do programa Bolsa Família

  Começou nesta segunda-feira (18) o pagamento do Bolsa Família para beneficiários com NIS (Número de Identificação Social) de final 1. Neste mês, o pagamento vai até o dia 29. Mais de 14 milhões de famílias estão inscritas no programa. Para saber em que dia o benefício ficará disponível para saque ou crédito em conta bancária, a família deve observar o último dígito do NIS, impresso no cartão de cada titular. Para cada final do NIS, há uma data correspondente por mês. Se o NIS do titular termina com o número 1, em janeiro, por exemplo, os pagamentos começam no dia 18. Os depósitos ocorrem sempre nos dez últimos dias úteis de cada mês. As parcelas mensais ficam disponíveis para saque durante 90 dias após a data indicada no calendário. Os beneficiários podem conferir no extrato de pagamento a “Mensagem Bolsa Família”, com o valor do benefício. A Caixa Econômica Federal, operadora do programa, já iniciou a identificação com cartazes dos locais em que o benefício poderá ser sacado, como a

Justiça gaúcha reconhece união estável paralela ao casamento

  O TJ-RS (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul) atendeu parcialmente a um recurso e reconheceu a união estável concomitante ao casamento. A decisão da 8ª Câmara Cível também admite a partilha dos bens eventualmente adquiridos durante a relação extraconjugal, o que deverá ser buscado em outra ação judicial. O apelo ao TJ-RS foi movido por uma mulher que se relacionou por mais de 14 anos com o parceiro, enquanto ele mantinha-se legalmente casado, até o homem morrer, em 2011. Ela contou que os dois moraram juntos em algumas cidades do Rio Grande do Sul e no Paraná. O reconhecimento da união estável em paralelo ao casamento é incomum. O Código Civil, por exemplo, estabelece como exceção apenas quando a pessoa é separada de fato ou judicialmente. O desembargador José Antônio Daltoé Cezar conluiu que a esposa sabia que o marido tinha essa relação fora do matrimônio. Essa peculiaridade fez diferença na decisão. Conforme o desembargador, uma vez comprovada a relação extraconjugal “duradou